Manuela López Suárez, guerrilheira da Galiza

Umha mulher de compromisso, exemplo da guerrilha da chaira galega. Manuela López Suárez e Manuela Sánchez, a mulher real e o mito, eis a sua história.

 

Manuela López Suárez, passando à história como Manuela Sánchez, nasceu em Probaos (Carres, Oça-Cesuras) o 8 de Junho de 1903 e morreu no mesmo lugar o 4 de Março do 1948. Foi umha guerrilheira da chaira, umha das boas e generossas que ajudaram ao exército guerrilheiro antifranquista galego na luita pola liberdade e a defesa do povo auto-organizado.

Manuela era a segunda das seis filhas de Joaquín López Sánchez, nado em Probaos, paróquia de Sam Vicente de Carres, no concelho de Cesuras, no 1870, e Francisca Suárez Iglesias, originária de Santa María de Figueiredo, do mesmo concelho, nada no 1865. Nasceu na casa do matrimónio o 8 de Junho do 1903, sendo a sua família conhecida na zona com a alcunha dos “Chintos”. Faria a sua vida nessa mesma casa, com o seu companheiro Adolfo Cadaveira Pernas e o filho de ambas, José Cadaveira López. Próxima a ela vivía a irmã mais idosa, María, quem formara casal com Juan Sánchez López, tendo três crianças.

A sua colaboraçom com a guerrilha, e a de tuda a família, remonta-se coma mínimo ao ano 1946, quando já se têm constância do assentamento de membros da IV Agrupaçom, do destacamento do célebre Manuel Ponte e Pena Camino. Montes próximos à zona foram testemunha de mais de umha reuniom dos guerrilheiros, contando com a ajuda de várias famílias, entre elas a dos Chintos, à hora de dar comida e resguardo aos combatentes. A informaçom aportada por umha informante de Probaos, Manuela Barreiro Naveiras [1], aponta a que foi o companheiro de Manuela, José Cadaveira, o primeiro da família em ter contato com a guerrilha.

Os feitos polos quais passou a ser quase umha lenda, umha figura mitificada, até com o seu nome real modificado, aconteceram na nuite do 3 de Março do 1948. Figeram pernocta na casa do Joaquín dous guerrilheiros, Antonio Nouche Costa “Luís / O soldado de Deixebre / Dourado Xaneiro”, e José Blanco Núñez “Ferreirín / Pepito” [2]. A chegada dos combatentes alertou à Garda Civil, os quais organizaram um dispositivo de 11 gardas comandados por José Méndez Villar, com o objetivo de registrar as duas casas dos Chintos.

Os gardas cercarom a casa, onde só estavam Manuela e o seu pai Joaquín. Primeiro registrarom o cortelho e os baixos da casa, dispois subirom ao piso de arriba onde estava oculto Antonio Nouche Costa, já que Ferreirín conseguira fugir previamente ao tiroteio onde foram assassinadas Manuela e seu pai, junto a dous gardas civis (Blas Sánchez e José Cano).

Tendo em conta os registros de defunçom, às 16h perdia a vida Joaquín López, às 17h Manuela López Suárez por “hemorragia cerebral producida por proyectiles de armas de fuego, según resulta de certificación facultativa y autopsia practicada” [3]. À mesma hora que Manuela foi registrada a morte do guerrilheiro Antonio Nouche Costa, de 24 anos e nado em Bouzalonga (Oroso).

Seguindo o relato da causa 115/48 onde se contam os feitos, a irmã de Manuela, María López Suárez, e o seu genro Manuel Mosquera Moar, pressentes na outra casa familiar, foram assassinados ao dia seguinte do tiroteio, após ser-lhes aplicada a Lei de Fugas [4]. Contudo, nas investigaçons realizadas pola autora Aurora Marco, é altamente provável que os 4 assasinatos foram tudos no mesmo dia, às 23h do 4 de março. [5]

Este cruel final para Manuela e boa parte da sua família, nom fixo mais que agigantar a sua figura, como combatente, resistente até às últimas consequências, com o fuzil em alto, defendendo-se a sim mesma, ao seu pai e ao guerrilheiro acolhido na sua casa.

A nova da sua história espalhou-se por tuda a Península e sobre tudo no exílio republicano, sendo aginha convertida em heroína, ocupando um papel importante no número 122 do semanário Mundo Obrero [6], órgão oficial do PCE, redatado com forte emoçom polo escritor Jesús Izcaray, editado em París, e que era o vozeiro principal da resistência antifranquista. A história de Manuela mesmo chegou a se converter numha obra de teatro, a tragédia inédita “Manuela Sánchez” (1949), escrita por César Muñoz Arconada, estreada no Clube Español de Moscú [7], e que acadou um grande êxito na capital soviética.

A imagem de Manuela foi utilizada como reclamo, como exemplo e estandarte da mulher combatente e antifranquista galega, enraizada no país, ao jeito do arquétipo de María Pita, defensora da Terra, mulher garrida e labrega, que defende a luita pola liberdade e a dignidade do seu povo. Estas comparaçons podemo-las achar na escolma poética que diversos autores revolucionários da altura lhe adicarom, com nomes da relevância de Rafael Alberti, Luís Seoane, o chefe da IV Agrupaçom (e que tivo relaçom com a própria Manuela até dias antes do seu assassinato) Francisco Rey Balbís “Moncho”, Juan Miguel Romá, o já mencionado Izcaray e o genial escritor Lorenzo Varela. Foi este último autor quem mais estabeleceu essa conexom e vinculaçom histórica da resistência fronte ao opressor e ao invasor, entre María Pita e Manuela, no seu poemário “Lonxe” do ano 1954.

A modo de homenagem, e rematando este exercício de recuperaçom da memória e dignidade das mulheres combatentes na guerrilha antifranquista galega, adjunto neste final de artigo, o poema “Manuela Sánchez” de Lorenzo Varela. Venham mil coleçons mais, que abram caminhos de liberdade, e consigam rachar com as fendas patriarcais que ainda subsistem no conhecimento do nosso passado. Por tudas as esquecidas, às que tentamos resgatar do esquecimento, e as que inda quedam, vai este pequeno contributo. Sempre com elas na luita!

Pomba, ponla, mai, señora,

guía, vara, mai de nós:

Hoxe non quero saber como te chamas

Nin perguntar qué foi da túa mocedade.

Hoxe non quero máis que te lembrar de novo

no cume mais antergo das mámoas proteitoras,

ergueita, xurdia, forte, lanzal coma ninguén.

E fose coma fose, ti chamaraste ponla,

a mais verde do verde carballo que se vira.

Aguia mortal na guerra, na paz señora pomba,

mai e guía de nós, da nosa vida enteira.

Ti chamaraste ponla, ti chamaraste a vara

mais outa do pombal.

Non chegan a ti as balas dende que pomba és,

verde no zumo verde da figueira e da vide,

verde ponla,

pros labregos de Lugo e pros granxeiros

dos verdes cómaros do mundo.

Pomba branca e máis branca

pros brancos mariñeiros de Vigo sempre branco

ou pros dourados mariñeiros de Siam.

Pomba, ponla, mai, señora,

guía, vara, mai de nós.

 

[1]: Aurora Marco: Mulleres na guerrilla antifranquista galega, Bertamiráns, Laiovento, 2011, p. 277

[2]: Aurora Marco: Mulleres na guerrilla antifranquista galega, Bertamiráns, Laiovento, 2011, p. 278

[3]: Aurora Marco: Mulleres na guerrilla antifranquista galega, Bertamiráns, Laiovento, 2011, p. 278

[4]: Aurora Marco: Mulleres na guerrilla antifranquista galega, Bertamiráns, Laiovento, 2011, p. 279

[5]: Aurora Marco: Mulleres na guerrilla antifranquista galega, Bertamiráns, Laiovento, 2011, p. 279

[6]: Izcaray, Jesús: “Quien tenga honra, que me siga. Manuela Sánchez. La heroína de Carres”, en Mundo Obrero, 122 (17 de junio de 1948), p. 3.

[7]: https://www.aat.es/elkioscoteatral/las-puertas-del-drama/drama-52/espacio-de-ausencia-escritura-dramatica-de-cesar-arconada-en-el-exilio-sovietico/

 

REFERÊNCIAS:

  1. Aurora Marco: “Mulleres na guerrilla antifranquista galega”, Bertamiráns, Laiovento, 2011, pp. 275-285
  2. Blanco, Carmen: “María Pita e Manuela Sánchez: dúas mulleres fortes na poesía galega de Lorenzo Varela”, Raigame: revista de arte, cultura e tradicións populares, número 21, Maio 2005, pp. 64-69
  3. García Martínez, Pablo: “Guerrilla, solidaridad, memoria del futuro y recuerdo de la esperanza: una meditación sobre la literatura del exilio republicano gallego”, en Arte, ciencia y pensamiento del exilio republicano español de 1939, Madrid, Publicaciones del Ministerio de Justicia, 2020, pp. 399-413.
  4. Izcaray, Jesús: “Quien tenga honra, que me siga. Manuela Sánchez. La heroína de Carres”, en Mundo Obrero, 122 (17 de junio de 1948), p. 3.
  5. Vaamonde Lesta, María: “A resistencia antifranquista nas terras de Ordes, Curtis e Mesía: unha aproximación ás mulleres da IV Agrupación guerrilleira “, TFG, Grao en Historia, USC, Curso 2021- 2022
  6. Varela, Lorenzo: “Lonxe”, Buenos Aires, Ediciones Botella al Mar, 1954
  7. Yusta, Mercedes: “Hombres armados y mujeres invisibles. Género y sexualidad en la guerrilla antifranquista (1936-1952)”, Ayer 111/2018 (2): 285-310 Sección: Estudios Marcial Pons, Ediciones de Historia, Asociación de Historia Contemporánea, Madrid, 2018
  8. http://www.culturagalega.org/album/mulleres_e_a_memoria_historica.php
Cóntao ao mundo
Esta web utiliza cookies propias para o seu correcto funcionamento. Ao facer clic no botón aceptar, acepta o uso destas tecnoloxías e o procesamento dos teus datos para estes propósitos.   
Privacidad