Um dos combatentes mais famosos da guerrilha antifranquista, aquele que se disfarçava de crego para poder olhar ao seu querido Deportivo e que conseguiu fugir das forças franquistas tres lustros, luitador pola liberdade. Esta é umha breve escolma da sua história; Benigno Andrade, O Foucelhas.

 

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Benigno Andrade García, nado nas Foucelhas (Cabrui, Messia) o 22 de Outubro de 1908, mais conhezido por Foucelhas, foi um jornaleiro e mineiro (entre outros muitos ofícios) afiliado da CNT e guerrilheiro antifranquista. Um dos combatentes mais famosos da guerrilha antifranquista galega. A sua alcunha vinha-lhe dada polo seu lugar de nascimento. Devido à sua celebridade, em muitas comarcas do país chamavase-lhe polo seu nome a qualquer das guerrilheiras operativas, um termo geral que abranguia a tudo o conjunto. A sua formaçom académica era básica, sabendo ler e escrever, já que sendo mui novo tivo que abandonar os estudos, trabalhando como jornaleiro agrícola, numha leitaria, serraria e também coma mineiro no Berzo. Os seus começos na militância política forom na década dos anos 30, onde residia com a sua companheira Maria Peres em Cúrtis. Estivo muito ligada esta primeira etapa militante ao doutor Manuel Calvelo e à sua parelha e também guerrilheira Isabel Ríos, criando umha cédula comunista na própria vila por volta do 1934. Assim mesmo, também se envolveu na questom sindical, afiliando-se à CNT.

Quando no 1936 se produz o golpe de estado, o Foucelhas participará junto com outras militantes antifascistas da defesa da vila de Cúrtis e na coluna que partiu de Cúrtis até Corunha em apoio às forças leais à República contra a rebeliom militar. Esta tentativa falhou, já que a cidade fora tomada polos facciosos, decidindo voltar a Cúrtis e botar-se ao monte para salvar a vida e fugir da repressom. Nos primeiros anos no monte, o Foucelhas consegue sobreviver com a ajuda do que se deu em chamar a guerrilha da chaira, a ajuda dos enlaces e dos familiares. Consegue tecer nestes anos umha ampla rede de apoios, umha infraestrutura ótima para a vida em clandestinidade, alternando a estância em casas de apoio e no monte. É chamado a filas polo exército franquista, e ao nom se apresentar é declarado prófugo da justiça.

No ano de 1941, a Garda Civil toma consciência plena da atividade guerrilheira do Foucelhas, e situa-o à fronte de um grupo de resistência que operava por Arçua e Sobrado dos Monges, composto principalmente por prisioneiros republicanos evadidos de unidades disciplinares instaladas na Galiza. Foucelhas contava com umha pequena avantagem, já que a sua irmã Consuelo trabalhava no quartel da Garda Civil, atuando muitas vezes de espia para o seu irmão. Assim e tudo, a verdadeira integraçom na luita guerrilheira produz-se no contexto final da IIGM, quando o PCE aposta por este método de luita entrando o Foucelhas na IV Agrupaçom Guerrilheira da Galiza, convidado polo mítico guerrilheiro Manuel Ponte Pedreira. O Foucelhas integrara-se no destacamento “Santiago Álvares”, ficando à fronte do mesmo Lisardo Freixo “Tenente Freixo”.

Aos poucos meses o Foucelhas sofre umha ferida no joelho num disparo fortuito com o seu próprio fusil. Vai ser atendido na Corunha, no sanatório Sam Nicolás, baixo o sobrenome falso de Juán Fernández. Passará vários meses numha casa do bairro corunhês de Monelos, ao mesmo tempo que a Garda Civil andava à sua procura pola comarca de Ordes. Em nom poucas ocassons Foucelhas acudiu ao estádio de Riazor, disfarçado de crego, para mirar ao Deportivo, equipa da que era seareiro, e em especial para poder olhar ao goleiro Joám Acunha, o seu jogador favorito.

Os disfraces eram umha das suas especialidades, já que nom só têm utilisado o de crego, se nom também o de garda civil tanto para passar despercebido como à hora de efetuar umha açom. A sua companheira Maria Peres nom foi alheia à luita militante. Como quase sempre se tentou deturpar dende a historiografia oficial a figura das mulheres limitándoas a simples amantes dos guerrilheiros, incapazes de ser por elas mesmas sujeitos políticos próprios e independentes. Maria era de facto parte da estrutura guerrilheira, estava integrada no Serviço de Informaçom Republicano (SRI), na guerrilha da chaira. O SRI era umha peça chave da guerrilha, já que sem ele teria sido quase impossível persistir no tempo o combate. A maioria das suas membras eram mulheres das vilas e das aldeias do país, as quais sofriam a repressom tanto ou mais que os próprios combatentes. Maria, contudo sofrer a constante vigilância consegue realizar o seu labor de jeito eficaz, até que no 1946 umha delaçom fai que a detenham e posteriormente remate exilada em Tordesilhas, onde morrerá ao pouco tempo.

Após ter superado o período de convalescência, o Foucelhas retomará a atividade na IV Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza. Som estes os anos de mais açons. Com as quedas do Tenente Freixo e Marrofer, chefes da IV Agrupaçom, e também de Manuel Ponte, numha reuniom do Exército Guerrilheiro, o Foucelhas vai ser proposto para liderar a V Agrupaçom, atuando em diversas comarcas da província de Ponte Vedra.

Em várias delas, a gente mais idosa inda o considera umha sorte de Robin Hood galego, roubando aos ricos para dar aos pobres; mesmo se contavam histórias na altura de que tinha amores com a lendária Pepa a Loba. Após a execuçom na Corunha de Seoane e Gaioso em Novembro do 1948, a guerrilha sofre um forte golpe, diminuindo do mesmo jeito a própria atividade guerrilheira do Foucelhas pola caída do resto de companheiras de luita e o evidente abandono do próprio PCE da estratégia guerrilheira. Contudo, o Foucelhas continuou a atuar numha lógica mais próxima à sobrevivência por causa das circunstâncias e com as forças repressivas à espreita da sua figura, pesquisando tudas as formas possíveis para a sua captura.

A obsessom das forças repressivas de colher ao Foucelhas nom parava, pescudando por tudos os meios rematar com a lenda, o mito e o ícone que era de facto o guerrilheiro para boa parte do povo galego. O Foucelhas passaria 16 anos botado ao monte, sobrevivendo, até 1952, onde após a delaçom de um confidente é descoberto pola Garda Civil. Foi o 9 de Março desse mesmo ano, na Costa da Regueira (Oça dos Rios), onde estava agachado numha cova-refúgio, quando se ía a asear ao río Mendo para dispois acudir a umha festa. Seria ferido na perna, e ainda que tentou a fugida, voltarom a disparar-lhe e conseguirom detê-lo. As consignas que levavam os gardas eram a da detençom, nom a execuçom, como lhe passou ao companheiro do Foucelhas, Manuel Vilar, ao qual matarom de dous tiros na testa.

O Foucelhas vai ser conduzido ao quartel de Betanços, onde as torturas no interrogatório serám constantes, aproveitando-se os gardas da ferida que eles mesmos lhe provocaram na perna, padecendo Benigno fortes dores. O 26 de Xunho é julgado em conselho de guerra na Agrupaçom da Sanidade Militar na Corunha, sendo condenado a morte no garrote vil, como castigo exemplar. Os jornalistas que assistiram ao juízo testemunham a forteza e tranquilidade que transmitia o guerrilheiro na audiência, sendo ciente que da barbárie feixista nada poderia agardar. O assasinato seria o dia 7 de Agosto de 1952. Nada nem ninguém foi quem de evitar umha nova morte da ditadura franquista. Nem tam sequer a carta que enviou a filha de Benigno, Pepinha, à filha do ditador Carmen Franco. Pepinha pedia-lhe que mediase com o seu pai para evitar a execuçom, mais o único que obtivo por resposta foi que “nom podia meter-se em assuntos políticos e que seria o ditame da lei o que prevalesce”.

Pepinha, de feito, nos últimos momentos antes da execuçom, tentava dalgum jeito que o seu pai sofresse o menos possível, oferecendo-lhe conhaque a modo de anestesia, mais a resposta que lhe deu seu pai certifica a dignidade dum combatente pola liberdade como era o Foucelhas: “Tranquila. Nom quero beber, nom quero estar borracho porque morro ciente de que morro polas minhas ideias e pola liberdade que eu nom vou ver, mais que agardo que vós, meus filhos, poidades desfrutar algum dia”.

Aos 53 anos morria o inimigo número um dos golpistas, o malvado bandoleiro, bandido, aquele que semelhava estar presente em tudos os atos subversivos (já que tudos se faziam passar polo Foucelhas), o busca-vidas que no percurso de mais de três lustros foi quem de resistir ante tuda autoridade, legítima e ilegítima. O guerrilheiro do povo, genuinamente do povo, nascido dele e por ele mesmo assistido. O labrego, o mineiro, o militante, o guerrilheiro, a rebeldia dumha Galiza desafecta aos Principios del Movimiento que ainda hoje em dia está ocultada, à agarda dum novo mencer. Eis a história do paisano Foucelhas.

 

REFERÊNCIAS:

  • Barreiro Fernández, Xosé Ramón, Historia de Galicia IV.Edade Contemporánea, Ed. Galaxia, Vigo, 1981
  • Costa Clavell, Xavier, Las dos caras de Galicia bajo el franquismo, Ed. Cambio 16, Madrid, 1977
  • Foucelhas, exemplo da resistência popular, NÓS-UP, Compostela, 2012
  • Serrano Fernández, Secundino, Maquis. Historia de la guerrilla antifranquista, Temas de Hoy, Madrid, 2002
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