O internacionalismo é a tenrura dos povos. Galiza demonstrou, de novo, que a solidariedade é a chave que abre novos caminhos de liberdade. Solidárias no passado, presente e futuro, com os povos irmaus. Desde o rio até o mar.

Imagem que ilustra o artigo: O Salto Galiza

O internacionalismo é a tenrura dos povos. A solidariedade, é a que nos fai avançar como classe e como povo. Som umha mistura bem curiosa. Maketo, txarnego, samorano. Filho de pai galego, com avoa galega, de Mourente, e avó galego de pais manchegos, os meus bisavós. Minha mai andaluza, de avós andaluzes, cordoveses. Nascido e criado na minha paróquia, em Mourente. Até os 18 anos em Ponte Vedra (logo em Compostela) mais baixando sempre, cada ano, a Andaluzia. A família do Sul subindo também. A mistura, o entendimento e relacionamento cultural levo-o injetado nas veias. Quando comecei a tomar consciência política, aginha começou a agromar em mim essa pulsom internacionalista, que me vinha já dada, entendendo a riqueza de pertencer a dous povos, três, de feito; o galego, o andaluz e o castelhano-manchego. A fascinaçom polas luitas de libertaçom nacional e de classe, leva-me acompanhado desde aquelas, vai lá mais de umha década. Desmascarando a mentira e a falsidade dos estados-naçom, a opressom dos povos trabalhadores e a negaçom da sua realidade nacional, linguística e cultural.

Esta questom acompanha-me em todos os âmbitos da minha vida. Se preparo umha viagem, tenho muito em conta isto, buscando sempre que podo viajar a naçons sem estado, ou naçons com estado com um forte movimento operário, sítios afins onde me sinto cómodo. Assim mesmo, o meu horizonte cultural também está tremendamente influenciado polo internacionalismo. A música que escuito, a literatura que leio, as equipas desportivas que sigo, os idiomas que apreendo (venho de aprovar recentemente o C1 de català, muito orgulhoso), o cinema que na medida do possível tento visionar, etc. No plano militante, outro tanto do mesmo. Sempre fum dos mais preocupados, alá onde participei, de cuidar esta luita, quase sempre deixada para o último a fazer, convertendo-a em eixo central do meu acionar político, vernizando o resto da minha atividade política desta sementinha. Foder, se até a levo na minha pele. Nunca lembro bem o ano, acho que foi em setembro de 2018. Decidim fazer-me a que, até a altura, é a minha única tatuagem. O escudo de Castelao, sem a sereia, com a legenda “Denantes Mortas Que Escravas”, e a estrela internacionalista de três pontas no médio. Tatuado no peito. É o meu, frikismo a tope. Se che presta o assunto, já sabes com quem podes botar horas.

Bom. É precisamente, por todo o anteriormente comentado, que o acontecido nestas últimas semanas do verão supujo para mim um orgulho e um sopro de ar fresco que fazia já tempo nom experimentava. O dia exato, 10 de setembro do 2025. Contrataram-me desde a ETT (melhor EET, empresa de exploraçom temporal) de Adecco para choiar na vendima em Sarandom, Vedra. Num princípio iam ser dous dias, mais ao final, apenas deu para trabalhar quatro horas e meia. Madrugar para tam pouco. Pretendem meter alvarinho e vinho a esgalha no Ulha, com um clima mais fresco e umhas névoas mais duras e frequentes que as nossas das Rias Baixas. Mui pouca uva, só por Rivadulha parece que se da algo melhor, quanto menos das campanhas que levo alá é a paróquia onde mais uva há. Quando rematei, já nom me dava tempo a ir até Ervilhe. Fum limpá-lo carro, jantar e mirar desde a distância. Conectei a televisom perto das 17.00h acho. Pugem a 1, com a conexom em direto da Volta a Espanha.

O verão foi curioso, muito tranquilo, mais as movilizaçons em apoio ao povo palestiniano, e contra a equipa representante do estado genocida sionista, estavam indo em aumento nessas últimas semanas. O povo basco parou a carreira a três quilómetros da meta, sempre solidárias, na etapa com remate em Bilbo. A Volta continuava polos povos do norte do Estado, e as compas cântabras e asturianas seguiam dando leçons de dignidade e internacionalismo, aumentando ao tempo a repressom contra as mobilizadas. Na sua chegada à Galiza, a nossa gente respostou, e a repressom do Estado Espanhol foi muito contundente, com mais dumha dezena de detençons a companheiras de Lugo e Monforte. Pessoas solidárias, achegadas à militância dos centros sociais, em concreto à Hedreira de Lugo, e até responsáveis comarcais do Bloco, atacando a polícia sem distinçons de nengum tipo.

E na jornada seguinte, a resposta ultrapassou toda a resposta solidária até o momento. No lugar de Ervilhe, paróquia de Cela, Mós, no alto de Sam Cosme, umha maré de internacionalistas paralisou a Volta, decidindo o organismo rematá-la etapa a 8 quilómetros da meta. Mais aló da excecional resposta ali concentrada, foi um continuum ao longo de toda a etapa, a presença de bandeiras palestinianas e de estreleiras, as duas luitas juntas. Desde a saída na minha comarca, em Combarro, na rotunda da Barca entre Poio e Ponte Vedra, a onde acudiu minha mai (feito que me encheu de orgulho, já que meus pais, se bem com consciência social e política, distam de ser perfis militantes), ao longo de Ponte Vedra, e também por Souto Maior, Ponte Areias, em toda a parte por onde transcorria a etapa.

Muitíssimas amizades, a minha compi de vida, também ali, resistindo e plantando cara, em defesa do boicote ao sionismo e apoiando a luita palestiniana. A Galiza respostou, de novo, fazendo frente a essa eterna visom que se projeta sempre sobre nós: povo conservador, râncio, fechado e insolidário, individualista e presa cativa do minifundismo. A Volta despedia-se da Galiza oficiosa por Val d’Eorras, comarca arrasada polos lumes, e também da Galiza Estremeira polo Berzo, e de novo a resposta foi solidária, junto com a dor e a raiva gerada polo abandono e o desastre dos lumes. Esta resposta solidária e internacionalista nom é de agora, na Galiza levamos mais de (até onde eu sei) seis décadas apoiando ao povo palestiniano, mantendo também relaçons orgânicas entre ambos movimentos de libertaçom. Esta escalada deve continuar, a maior coaliçom da sociedade palestiniana, Boicot, Desinvestimento e Sancións (BDS), assim o solicita. É sem dúvida, e tendo em conta a relaçom de forças, o que mais podemos fazer, seguir boicotando objetivos estratégicos, pressionar para rachar relaçons e assinalar toda forma de branqueamento sionista, que nom é pouca, presente no país. 

Estou seguro de que continuaremos na luita, mobilizando-nos e apoiando a um povo irmão que está sendo aniquilado. As detençons (incluída a minha) do 6 de outubro de 2024 nom forom em balde. As mais recentes tampouco. Luitar por um povo irmão nunca o é. Furar, furar e furar. Ao igual que no resto de frentes de batalha. Polas nossas irmãs. É umha questom elementar, nom precisas ser revolucionária para apoiá-las, nem tam sequer de esquerdas. Direitos humanos elementares. Na teoria, som uns mínimos que aceitamos todas. (Na teoria).

Desde o rio até o mar.

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